
Esse é o ano da IATF 16949: sua organização está preparada?
O que é a IATF 16949?
IATF 16949 é uma especificação técnica desenvolvida pelo IATF que define os requisitos de sistemas de gestão da qualidade aplicáveis na cadeia de suprimentos automotiva. Baseia-se no padrão internacional de sistemas de gestão da qualidade ISO 9001 publicado pela Organização Internacional de Normalização (ISO). Esta nova versão substitui a ISO / TS 16949, que foi desenvolvida em conjunto pela IATF e a ISO primeiramente em 1999. Como a ISO / TS 16949 foi amplamente adotada pelos fabricantes e fornecedores automotivos, a certificação para a IATF 16949 deverá se manter uma exigência para fornecimento para a maioria das montadoras envolvendo toda a cadeia de fornecimento automotiva.
O desenvolvimento da IATF 16949
O desenvolvimento da IATF 16949 foi iniciado em dezembro de 2014, quando a IATF estabeleceu uma equipe de trabalho para realinhar os requisitos da ISO / TS 16949 com os da ISO 9001: 2015. A equipe de trabalho desenvolveu uma especificação de projeto para o novo padrão, avaliou os requisitos do cliente e realizou uma extensa pesquisa com os OEMs, fornecedores e outras partes interessadas para garantir que o padrão refletisse precisamente as atuais necessidades da indústria automotiva.
Após o lançamento do seu primeiro rascunho do padrão em 2015, o grupo de trabalho organizou uma conferência de partes interessadas em Roma, em abril de 2016, para discutir o projeto e a estratégia proposta para a transição para os requisitos da norma. A conferência contou com a participação de representantes de organismos de certificação reconhecidos pelo IATF, fornecedores globais e membros do IATF que forneceram valiosos comentários que foram incorporados ao projeto final da IATF 16949.
O que há de novo no IATF 16949?
Além de adotar a estrutura de alto nível da ISO 9001: 2015, a IATF 16949 incorpora uma série de novos requisitos além dos encontrados na ISO / TS 16949. Esses novos requisitos incluem:
- O monitoramento de peças e acessórios de segurança;
- Garantir a rastreabilidade dos produtos de acordo com os regulamentos e normas aplicáveis;
- Requisitos para produtos com software embutido;
- Implementação de um processo de gestão da garantia;
- Requisitos mais claros para a gestão e desenvolvimento de sub-fornecedores;
- Requisitos de responsabilidade corporativa;
- Requisitos para auditores de primeira e segunda parte.
- Referência direta à metodologia TPM (Total Productive Maintenance).
Questões-chave para a transição para a IATF 16949
Após primeiro de outubro de 2017, não serão realizadas auditorias (inicial, de manutenção, recertificação ou certificação) com base na ISO / TS 16949: 2009. Uma auditoria de transição é o principal mecanismo pelo qual as organizações que estão atualmente certificadas podem obter a certificação para essa nova norma. Espera-se que uma auditoria de transição seja uma auditoria de sistemas completa, equivalente à profundidade e à duração de uma auditoria de recertificação. Quaisquer não-conformidades identificadas durante a auditoria devem ser tratadas satisfatoriamente no prazo de 60 dias após sua conclusão.
É importante notar que as auditorias de transição devem ser conduzidas dentro do ciclo de auditoria estabelecido (auditorias anuais ou auditorias de recertificação) para a certificação ISO / TS 16949 existente. Se não o fizer, será necessário que uma organização realize uma auditoria abrangente de certificação inicial, o mesmo que seria exigido de uma organização anteriormente não certificada.
Outra consideração importante é a escolha dos organismos de certificação terceirizados. A IATF está revendo a acreditação de cada um dos seus organismos de certificação existentes, e alguns terceiros acreditados para conduzir as certificações ISO / TS 16949 podem não satisfazer os critérios de acreditação para a realização de certificações IATF 16949. No entanto, a mudança de organismos de certificação no momento de uma auditoria de transição não é permitida, independentemente do motivo da alteração. Assim, uma organização que pretenda alterar o seu organismo de certificação terá de recertificar a ISO / TS 16949 com o seu novo organismo de certificação em 2017 e, em seguida, conduzir uma auditoria de transição para a certificação IATF 16949 antes do prazo de setembro de 2018.
Em seguida, vamos destacar três pontos que entendemos como relevantes nessa nova publicação:
- Competências do Auditor de Primeira e Segunda Parte
A IATF 16949 acrescenta requisitos adicionais para auditores de primeira e segunda parte e que incluem:
- As organizações devem ter um processo documentado para avaliação da competência do auditor interno;
- Ao treinar auditores internos, informações documentadas devem ser mantidas para demonstrar a competência do auditor;
- As organizações devem demonstrar a competência de auditores independentes e auditores independentes devem satisfazer os requisitos específicos do cliente para estarem aptos à auditoria.
- Os auditores devem estar aptos à conduzir a auditoria segundo uma abordagem de processos sempre considerando e conhecendo os processos e requisitos específicos do cliente.
- Pensamento baseado no risco
ATF 16949 exige que “as organizações assegurem a conformidade de todos os produtos e processos, incluindo peças de serviço e que são terceirizadas. Esse uso da palavra garantir implica que a organização precisa estabelecer e manter um sistema que mitiga o risco de não conformidades em toda a cadeia. A organização é, em última instância, responsável e deve encadear todas as exigências aplicáveis no fornecimento até o ponto de fabricação.
A norma reforça o conceito de “abordagem multidisciplinar ao longo de todo o ciclo de vida do produto durante as atividades de planejamento de projeto e desenvolvimento”. IATF 16949 adiciona controles para a gestão de desenvolvimento projetos ao longo do ciclo, o que acaba por concluir com a aprovação do produto.
As organizações precisam adotar um processo para avaliar o risco em caso de alterações no processo e tomar as medidas para sua mitigação. De acordo com IATF 16949 as principais alterações que demandam uma avaliação de risco incluem:
- Avaliar alterações de projeto após a aprovação inicial do produto;
- Revisão dos planos de controle quando de mudanças que afetam o produto considerando também processo de fabricação, medição, logística, fornecimento e mudanças de volume;
- Ajustar a frequência das auditorias internas com base ocorrência de mudanças no processo.
- TPM (Total Productive Maintenance)
De acordo com o item 8.5.1.5 Manutenção Produtiva Total, a organização deve desenvolver, implementar e manter um sistema documentado de manutenção produtiva total. Esse item é interessante pois aborda diretamente o termo TPM e não somente a sistemática de gestão de manuteção da versão anterior. Isso implica conceitualmente em uma manutenção orientada para a os indicadores de OEE, MTTR e MTBF e poderá gerar questionamentos em termos de adequação e seu atendimento. Vale ficar atento e buscar as referências do JIPM para o que representa efetivamente um programa de TPM implantado.
Pois bem, agora é correr contra o tempo pois existem mudanças sutis porém importantes. A IATF 16949 fica mais alinhada aos requisitos da ISO9001:2015 e apresenta novos requisitos relacionados à responsabilidade corporativa, gestão da cadeia de sub-fornecedores, TPM, gestão de riscos e avaliação das competências dos auditores (entre outros). A sugestão é estudar seu conteúdo, buscar uma consultoria de confiança e elaborar um cronograma para estarmos prontos antes de outubro.
Co-autor:
Gilberto Strafacci
Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Especialista em análise de desempenho de empresas pela FGV, engenharia pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Master Black Belt pelo Setec Consulting Group e pela SixSigma.us (Toronto). Certified Six Sigma Black Belt pela American Society for Quality (ASQ). Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador certificado LEGO® SERIOUS PLAY®.