
Se empatia é preciso, viajar é preciso
Não há frase mais batida e verdadeira, em qualquer uma de suas variantes, que reforça o quanto viajar é a melhor forma de gastar seu dinheiro. Para muitos, inclusive, tido como o melhor dos investimentos. Viajar é uma das melhores formas de desenvolver o omoiyari, senso de empatia. Se empatia é cada vez mais preciso, viajar é preciso. E esse é um ótimo investimento para esse fim.
E, de fato, pensar em investimento no stricto sensu, faz todo o sentido. Investimento é definido como a aplicação de recursos, tempo ou esforço a fim de se obter algo. O que obtemos ao final de uma viagem? O conhecimento sobre um novo lugar, baterias recarregadas, muitas fotos, algumas amizades efêmeras (outras nem tanto). Principalmente, vivência e experiência sobre o outro.
Um bom investimento é aquele cujo resultado é maior ou muito maior que o esforço. Nesse sentido, precisamos fazer algumas contas. Trabalhamos 12 meses por ano para termos 30 dias, aproximadamente, de férias. Se o investimento é muito bom, esses 30 dias, que podem ser uma, duas ou até três viagens, precisam valer mais que os outros 11 meses sob algum aspecto.
Se a sua medida é descanso, acredito que uma viagem de férias não seja um ótimo investimento. É muito mais provável que você descanse bem o seu corpo aos fins de semana, alguns dias que vai dormir mais cedo do que durante uma viagem de 10, 15 ou 20 dias. Se sua medida de sucesso é descanso, recomendo um spa, não uma viagem para um lugar novo.
Contudo, se sua medida de sucesso é vivência e experiência sobre o outro e sobre o novo, a conta faz muito mais sentido. É provável, principalmente se for com o coração aberto, que irá aprender muito mais sobre uma cultura durante uma imersão de pouco tempo do que durante 11 meses de estudo.
Pensando em entender e observar outros humanos, o investimento também vale muito a pena. Na nossa rotina nós simplesmente filtramos a experiência por repetição, por pressão social ou por falta de foco. Viajar permite que estejamos abertos, de alguma forma, ao desconhecido. Principalmente em viagens solitárias ou com um pequeno grupo de pessoas onde a interação é fator crítico de sobrevivência.
Viajar desbloqueia nosso sendo de empatia pois precisamos observar, escutar, entender e confiar. Isso, em absoluto, ocorre no nosso dia a dia cheio de paradigmas, cismas, competições e repetições. A rotina simplesmente te impede de perceber as nuances e os detalhes pois tudo é mais do mesmo, ainda mais com tanta competição pelos nosso estímulos. Viajar aumenta seu nível de atenção ao outro.
Citei o senso de empatia pois, inclusive, é assim que designamos o termo na cultura Lean – o chamado omoiyari. Omoi é algo como “consideração pelo próximo”, enquanto Yari é uma adaptação do verbo Yaru que significa “mandar alguma coisa para os outros”. Viajar desenvolve o omoiyari.
O pulo do gato é que quanto mais você viaja, mais esse sexto sentido da empatia fica treinado. E, assim, por muito mais tempo, você fica anestesiado com essa sensação de confiança mútua e de escuta ativa. Não é algo pontual. É algo que desenvolvemos e evoluímos.
Por isso, inclusive, algumas pessoas são facilmente reconhecidas por serem viajadas. É um elogio, não? A pessoa viajada não é reconhecida pela quantidade de exemplos de lugares bacanas a visitar ou pela falsa modéstia das comprinhas em Paris, mas sim pela percepção desenvolvida de que a sua cidade, seu estado, seu país ou o planeta são tão plurais como é possível ser.
Pessoas viajadas, independente de terem essa vivência através de viagens internacionais ou nacionais, são mais abertas e, portanto, mais flexíveis ao julgamento prévio. Dessa forma, são mais empáticas.
Assim, o melhor retorno do investimento em uma viagem ocorre quando sua medida de sucesso é a vivência e experiência do outro. Através disso, ficamos treinados para termos melhor capacidade de observação, de escuta ativa e de inferência sobre os outros. Com isso, nos tornamos mais empáticos.
Gostei do assunto de sua publicação, gostaria de ver se é pertinente de divulgar em meu site: link acima.
Sds.
Hermes