
Se a estratégia é tão importante, por que não temos tempo para isso?
A grande maioria dos líderes e gestores gostariam de ter mais tempo para o pensamento estratégico. Em uma pesquisa publicada na Harvard Business Review (ver aqui) com 10 mil líderes seniores, 97% afirmaram que pensar se forma estratégica era o comportamento de liderança mais importante para o sucesso de uma organização.
Em contrapartida, em outro estudo (ver aqui), 96% dos líderes pesquisados disseram que não tinham tempo para o pensamento estratégico. O que poderia explicar um desalinhamento tão grande entre seus objetivos declarados e suas ações?
Uma possível questão são os incentivos colocados – muitas vezes inconscientemente – pelas empresas. Mesmo para os profissionais seniores, freqüentemente há pressão cultural e organizacional para longas jornadas de trabalho. No mesmo estudo, diversas análises mostram uma forte correlação entre a quantidade de horas trabalhadas e o pagamento de bônus.
Estar preso à sua mesa pode fazer você despachar mais e-mails, mas raramente é uma receita para um pensamento estratégico inovador. O que parece realmente potencializar o pensamento criativo, de acordo com um estudo da Universidade de Stanford, são atividades como dar uma caminhada externa curta durante a sua rotina de trabalho. Mas esse comportamento pode muito ser penalizado em um ambiente corporativo que prioriza o tempo.
Outro aspecto importante é que dizer que estamos ocupados é, em muitos ambientes, um sinal de status social. Ao dizer aos outros que estamos ocupados e trabalhando o tempo todo, estamos implicitamente sugerindo que somos procurados. Além das demandas muito reais em nossas agendas, então , há também um incentivo para entrar no frenesi: é um marcador do nosso sucesso profissional.
Adicionalmente, não podemos desconsiderar a dificuldade que muitos gestores possuem em pensar estrategicamente. Pensar no longo prazo, de forma criativa, construindo uma jornada para sua organização envolve outras habilidades e competências que não são necessárias para a gestão das complexidades do dia a dia. Ocupar seu tempo e evitar esse pensamento estratégico seja talvez só uma forma de evitá-lo.
Dadas essas pressões que nos empurram para a rotina de ocupações e para longe do pensamento estratégico, aqui estão três maneiras pelas quais os líderes individuais podem reagir e criar o espaço em branco de que precisam.
Primeiro, é importante lembrar que o pensamento estratégico não exige necessariamente grandes quantidades de tempo – não se trata de tirar um ano sabático. Você não precisa de tempo para ter uma boa ideia, precisa de espaço. Isto é, espaço psíquico para se concentrar além da rotina. Isso diz muito mais sobre a qualidade do que a disponibilidade de tempo.
Em segundo lugar, é útil ter clareza de onde seu tempo realmente está indo. É bem possível que existam tarefas que você possa combinar, adiar ou delegar para ajudar a ganhar duas horas extras por semana – mais do que o suficiente para sair do tumulto diário e entrar no estado de fluxo para pensar mais estrategicamente.
Finalmente, uma vez que nos tornamos conscientes do quadro implícito de que estar ocupado é se sentir importante, pode se tornar mais fácil abandonar esse hábito e adotar um outro mapa mental que seja mais propício ao pensamento estratégico profundo. Sua mente está ocupada quando está lidando com as prioridades e pensamentos de outra pessoa. Ao ocupar seu tempo para se sentir produtivo, você ganha o efeito contrário.
De tal forma, termos consciência de que o pensamento estratégico é fundamental e que depende tipicamente da qualidade e da profundidade da analise, e não do tempo a ele dedicado, pode possibilitar melhor estruturação da sua agenda e tarefas. Além disso, entender que parte da ocupação do seu tempo pode ser por status ou até mesmo para evitar pensar de forma estratégica, pode fazer com que se desenvolva exatamente nesses pontos. Toda atividade pode ser delegada, menos pensar a estratégia da sua empresa e o desenvolvimento do seu time. Foque mas tempo nisso.
A ausência de gestão de prioridades meu amigo e desalinhamento das qualificações profissionais necessárias para realização das atividades gera uma bola de neve nas corporações, identificar os perfis que tenham potencial e enquadra-lós nas atividades corretas e desafiador.
Abs.
EA