
Os 4 pilares do Lean para a Mentalidade Ágil
O que são Métodos Ágeis (Agile)?
Os métodos ágeis são uma alternativa à gestão tradicional de projetos, e nasceram nos braços do desenvolvimento de software, mas hoje podem ser aplicados a qualquer tipo de projeto (inclusive os que não remetem ao desenvolvimento de software).
A adoção de metodologias ágeis está em ascensão para o desenvolvimento de produtos e softwares e outras áreas da organização, tais como marketing, vendas e recursos humanos. Empresas ágeis podem aumentar dramaticamente a produtividade e encurtar os ciclos de entrega, melhorando a qualidade.
Transformação Ágil
A consolidação da mentalidade ágil exige mudanças culturais, quebras de paradigmas e possíveis reestruturações na organização e dos seus processos. Dessa forma, é importante garantir a continuidade efetiva e adesão do processo de mudança em todos os diferentes níveis dentro da empresa.
Seguir no caminho da transformação parte da coragem de desbravar e ter o pleno entendimento que estamos tratando de uma mudança cultural. Nesse sentido, é importante e recomendado resgatar algumas premissas da jornada Lean.
John Shook, que aprendeu essa nova forma de pensar – ou metodologia – na Toyota quando a montadora abriu sua primeira planta nos EUA, diz que a maneira mais efetiva de mudar uma cultura é mudar primeiro o comportamento das pessoas.
O modelo de transformação cultural proposto por Shook não tenta modificar a maneira como as pessoas pensam, mas como elas agem. Para isso, faz uso de processos bem-estruturados capazes de facilitar as tarefas do dia a dia e permitir que todos aprendam e se desenvolvam. É aí que o nível gerencial encontra o seu porto seguro porque, no Lean, o líder é aquele que entende profundamente o trabalho e, assim, consegue não apenas assumir compromissos pelo time, mas também desenvolvê-lo e desafiá-lo em direção ao crescimento contínuo.
Dessa forma, destaquei quatro aspectos da mentalidade Lean que são importantes para moldarmos comportamentos a partir de processos mais eficientes, eficazes e seguros:
1) Hansei
Hansei (“auto-reflexão”) é uma ideia central na cultura japonesa e na mentalidade Lean. Seu significado prático é admitir o próprio erro e garantir a melhoria. Diz respeito a conduzir reuniões para avaliação das oportunidades de melhoria e reflexão sobre as opções realizadas e como elas podem ser aperfeiçoadas. Hansei também significa sucesso com humildade, ou seja, ninguém deve se tornar totalmente convencido de sua superioridade no que tange a necessidade de aprendizado e a melhoria contínua.
Na mentalidade Ágil, o Hansei pode ser traduzido nas sistemáticas de retrospectiva, na responsabilidade compartilhada, na transparência e assertividade na comunicação e principalmente no aprendizado constante com as falhas.
2) Jishuken
Jishuken (“auto-aprendizado”) são workshops colaborativos “hands-on” onde os colaboradores aperfeiçoam suas habilidades com base na repetição e erro. É uma das formas de desenvolvimento do Shuhari (ler artigo aqui). O Jishuken pode levar de uma semana a vários meses.
Na mentalidade Ágil, o Jishuken pode ser traduzido nas práticas de construção colaborativa com equipes multifuncionais de forma prioritariamente visual e prática. Aparece também no direcionamento constante para construção do MVP (Minimum Viable Product) para posteriores ciclos de melhoria e refinamento com base no aprendizado.
3) Heijunka
Heijunka (“nivelamento da produção”) é o planejamento, gestão e controle do tipo e quantidade de produção durante um período de tempo fixo. Isso permite que a produção (ou entrega de produtos) satisfaça as demandas dos clientes, evitando o processamento por lotes muito grandes, resultando assim em estoques ou entregas menores. O Heijunka garante redução dos custos de capital, mão de obra e tempo de execução da produção através de todo o fluxo de valor.
Na mentalidade Ágil, o Heijunka pode ser traduzido na elaboração das entregas com base no tempo e não no escopo, ou seja, as entregas devem ocorrer com maior freqüência sempre em períodos de duas ou quatro semanas (Sprint do Scrum). Deve-se fragmentar o produto ou processo a ser construído em pedaços (temas, épicos ou historias) menores que deverão ser priorizados conforme o maior incremento de valor percebido pelo cliente de tal forma a garantir as melhores entregas no menor tempo possível.
4) Kaizen
Kaizen (“mudança para melhor”), refere-se a filosofia ou práticas que incidem sobre a melhoria contínua dos processos. Descrito pela frase “Hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje”, o Kaizen estabelece que é sempre possível fazer melhor e que nenhum dia deve passar sem que alguma melhoria tenha sido implantada, seja ela na estrutura da empresa ou no indivíduo.
Na mentalidade Ágil, o Kaizen pode ser traduzido pela práticas constantes de avaliação, análise crítica e melhoria do produto e do processo de desenvolvimento. É muito visível no foco dado em se coletar a percepção e a experiência do cliente, aumentando o número de interações, gerando entregas focadas no maior incremento de valor e não num escopo fechado.
Dessa forma, podemos ver de forma mais clara alguns (de vários) princípios da filosofia Lean servindo de base para as práticas e rotinas utilizadas nos Métodos Ágeis. Assim, de forma transparente, conseguimos buscar sinergias e entender que as abordagens são muito mais que próximas ou similares.
Os Métodos Ágeis, desde a sua origem, partem nas forma de pensar Lean e assim, vale sempre um retorno às origens para avaliarmos como estamos conduzindo os projetos.