Qual é o melhor método ágil para a minha empresa? Entendendo um pouco mais sobre cada um dos frameworks
Talvez a palavra mais escutada nos dias atuais de constante transformação seja Agilidade. “Precisamos ser mais ágeis”, “nossos projetos demoram muito” e “o mercado necessita de entregas cada vez mais rápidas” são frases que, constantemente, percorrem os corredores de grandes empresas. Porém, com o crescimento do conhecimento sobre o modelo de trabalho ágil, consequentemente as pessoas ficam cada vez mais por dentro do imenso número de frameworks e métodos que existem. Desta forma, o objetivo aqui é tentar conhecer um pouquinho mais sobre a sopa de letrinhas que dia após dia vemos surgindo por aí, para que você consiga entender o que cada método tem como fundamento e suas principais vantagens.
Antes de qualquer coisa, vale retomarmos aqui o conceito do que é Agilidade. Escrevi um artigo algum tempo atrás falando sobre como profissionais que trabalham com Excelência Operacional podem migrar para agilidade (confira aqui), mas vale um resumo rápido sobre o conceito da agilidade antes de entrarmos a fundo nos frameworks. De forma resumida, Agilidade é uma forma de trabalho por meio de Frameworks criados para realizar a gestão de projetos em cenários complexos. Um cenário complexo é aquele onde o entregável para o cliente não está claro, assim como o meio para atingir este objetivo também não está definido. Por exemplo: eu não sei afirmar quais são as causas para o cancelamento de clientes em uma seguradora aumentar, pois existem inúmeras causas que constantemente aumentam ou abaixam sua relação de importância com o resultado final. Para tratar esse problema, o escopo deve ser tratado como flexível, para que possamos entender o que agrega mais valor ao cliente. É diferente de pensar em um projeto onde eu irei construir uma casa: eu sei o que eu quero ao final nesta casa, e o método para construí-la deve estar pré-estabelecido desde o começo. Neste caso, o escopo é fechado.
Sendo assim, quais são os principais métodos e frameworks ágeis que existem? E qual é o objetivo de cada um deles? Vamos falar sobre os principais atualmente:
Scrum: Framework mais famoso, o Scrum foi criado por Ken Schwaber e Jeff Sutherland em 1995 e tem como princípio básico a realização do projeto através de uma cadência pré-definida chamada de Sprint Para cada Sprint, será definido um Backlog de itens a serem realizados até o final daquela etapa. Este Backlog sempre será definido estimando o que agrega mais valor para o cliente na sequência do projeto. O foco deste framework é aumentar a Eficácia da entrega, ou seja, entregar para o cliente o que ele realmente precisa.
Kanban: Na minha opinião, o método que mais trouxe o Lean realmente para os processos de desenvolvimento. Com uma abordagem evolucionária, o Kanban tem como premissa básica que um processo não pode ser mudado de forma abrupta. Primeiro devemos entender o fluxo de valor daquele processo, quais são suas cadeias, para perceber os seus gargalos e ir melhorando de forma a dar mais maturidade ao processo, tornando ele mais robusto e adaptável. O foco principal aqui é a eficiência do processo, como estamos gerindo os recursos envolvidos para entregar cada vez mais valor ao cliente.
eXtremme Programming (XP): Criado na década de 90, o XP é focado no desenvolvimento de softwares baseando-se em três pilares: agilidade no desenvolvimento da solução, economia de recursos e qualidade do produto final. Podemos dizer que ele é um método onde o principal entregável é a qualidade da entrega, diminuindo a taxa de erros.
Outros “métodos” que também estão na moda, mas poucas pessoas entendem realmente o que representam, são:
OKR (Objectives and Key Results): Método desenvolvido pelo Google para ajudar a empresa a moldar seu planejamento estratégico e engajar todos os colaboradores a atingi-los. Uma grande premissa deste método é que a construção dos objetivos e de seus resultados chaves a serem alcançados é feita 60% de forma Bottom-up, ou seja, a partir dos indivíduos e times. Desta forma, todos estarão minimamente alinhados com o propósito da organização, tornando a transformação da cultura mais fácil de ser realizada.
F4P (Fit for Purpose): O método que está mais quente e na moda agora. O F4P nada mais é do que uma abordagem para entender melhor o quanto seu produto ou serviço está adequado ao propósito do seu cliente. Neste método, o principal objetivo é identificar qual é a real necessidade do seu cliente, qual indicador de sucesso (KPI) mede essa necessidade, e estudar como podemos atende-la (caso isso não ocorra até o momento). O F4P também desdobra, a partir destas necessidades, quais são os indicadores a serem acompanhados pela organização que mostrarão se o negócio está caminhando de forma adequada (Indicadores de Saúde); oportunidades de melhoria no processo (Indicadores de Melhoria) e até os chamados Indicadores de Vaidade, que são aqueles que medem objetivos definidos pelo grupo que não necessariamente tem a ver com o cliente.
Em resumo:
Claro que o título deste texto foi puramente uma brincadeira provocativa. Não existe uma resposta comum sobre o tema, até porque cada framework será adaptado a realidade da empresa em que será implementado. Muitos colocam, de forma correta, que começar com Scrum gera nas equipes uma maior disciplina no que diz respeito ao cumprimento das cerimônias e cadências. Outros afirmam, e eu concordo, que uma abordagem mais evolutiva, entendendo o cenário atual, pode ser melhor para não gerar ruptura grande no modelo de trabalho atual, para posteriormente atingir entregas mais constantes, estáveis e que atendam o cliente. Cabe a você agora, analisando o cenário da sua empresa, entender por onde irá começar a sua jornada ágil.