Maior Diversidade = Maior Produtividade
Nos últimos dias vimos diversas marcas e empresas apoiando o movimento LGBT com a alteração da imagem das redes sociais para de que de alguma forma o arco íris que representa o movimento estivesse ali representado.
Interessante saber que as empresas cada vez mais estão apoiando a causa e que estão incentivando a quebra do preconceito ainda existente na nossa sociedade, mas como será que o impacto das empresas que possuem abertamente dentro de seu quadro de funcionários pessoas que se identificam como LGBT+?
Há alguns dias atrás saiu uma matéria da Exame falando que o 30% dos funcionários do Nubank são LGBT e em seu quadro existem mais de 25 nacionalidades diferentes, a Nubank foi considerada em 2018 uma das empresas mais inovadoras do mundo, a terceira da américa latina e a primeira no brasil pela Fast Company, somando isto a avaliação da Tencent de que a empresa vale 4 bilhões de dólares, como será que a Nubank consegue gerar esse resultado todo e essa inovação acima da média? Vale ressaltar que 30% da sociedade se declara como LGBT+, então os colaboradores da Nubank podem representar a divisão da sociedade de forma geral.
A Nubank não é a única que apoia a causa LGBT+, temos exemplos como Apple onde o CEO assumiu ser homossexual, o Carrefour que oferece curso de capacitação em varejo para aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho, a Microsoft que para tornar a empresa mais inclusivas para pessoas LGBT+, criou em 2016 um pilar que trata assuntos relacionados à orientação sexual e identidade de gênero, a Google onde a empresa não poupa esforços na garantia de direitos, inclusive apoiando abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo (foi contra uma lei proposta na Califórnia onde se proibia o casamento de pessoas de sexo diferente), a Nike que doou 500 mil dólares do lucro da venda de produtos de coleção uma coleção dedicada ao público LGBT+ à um grupo que se dedica ao combate da discriminação no esporte.
Poderíamos citar outros casos de empresas que apoiam a causa, mas vamos ficar com apenas estes exemplos, e o que Nubank, Apple, Google, Microsoft, Nike, Carrefour tem em comum? A maioria destas empresas são reconhecidas no mercado, a maioria já consolidada e com vantagens competitivas claras perante os concorrentes, a resposta ao mercado dessas empresas é geralmente mais rápida e elas inovam mais que os concorrentes. Por que isso acontece?
Primeiro vamos definir que diversidade empresarial não é apenas ter pessoas que se identificam como LGBT+ na empresa, é um conceito muito mais amplo, é a inclusão e participação em todos os níveis hierárquicos de pessoas de diferentes orientações sociais, faixa etária, classe social, cor de pele, nacionalidades, gênero e por ai vai.
Você já deve ter escutado aquele ditado popular: “você é a soma das 5 pessoas que mais convive”, apesar de não existir nenhum trabalho científico que comprove essa frase, existe um trabalho do autor Alex Pentland que é demonstrado no livro Social Physics que mostra que um ambiente com pessoas diferentes, ou seja, um ambiente com diversidade é mais produtivo, tem melhor performance e é mais inovador.
Agora aquele outro jargão de gestor faz mais sentido, não é mesmo?
“Tenho que ter na equipe pessoas com pensamentos diferentes dos meus”
E o que o estudo fala? Ele diz que os grupos produtivos devem possuir duas características principais, sendo estas:
- Engajamento – é um aprendizado social tomando forma de normas comportamentais, adotando normas, em outras palavras, com conexões mais frequentes dentro de um time existe um aumento de confiança, com esse aumento de confiança gera maior liberdade e maior propensão a aceitação de ideias diferentes, o que torna o time mais produtivo pois todos estão sendo ouvidos e todos estão se falando constantemente, assim evita retrabalho, aumenta a assertividade e liberdade para arriscar.
- Exploração – é um processo para encontrar novas ideias dentro das estruturas sociais que estamos inseridos, em outras palavras, quando temos diversidade, consequentemente opiniões diferentes dentro do time somados a conexões fora deste ambiente temos uma geração de novas ideias maior, o ambiente proporcionando novas ideias permite que a inovação aconteça.
Então é só contratar pessoas com experiências, opiniões e conceitos diferentes que o time se torna mais produtivo? Obviamente não. É necessário criar um ambiente onde a comunicação seja frequente, onde haja abertura para falar e escutar as pessoas e que esta comunicação ocorra entre todos os membros da equipe, não adianta criar micro silos dentro da equipe, ou seja, temos que criar um ambiente em que a comunicação não seja assimétrica (interação muito maior com pessoas parecidas com você e deixar de interagir com alguns membros do time – sempre vamos ter pessoas com mais afinidade que naturalmente iremos interagir mais, porém devemos nos esforçar para tentar interagir com os demais também, e lembre-se da empatia!), uma comunicação mais frequente e que seja mais direta, rápida e que gere interação (bidirecional).
Isso irá permitir um ambiente com interações frequentes e um fluxo de ideias constante, fazendo com que haja engajamento e exploração, e como consequência um time mais produtivo, mais inovador e mais rápido para responder ao mercado.
Já esteve em uma mesa de bar em que não há diversidade na mesa? (todos com mesma formação e um gênero predominante na mesa são exemplos) Já reparou que nesses casos os assuntos geralmente são os mesmos sempre? Trabalho, futebol, comida, estética e por aí vai dependendo do público da mesa. E não é exatamente isso que acontece quando estamos em uma reunião de trabalho onde o time não possui diversidade?
Ideias diferentes da que nós temos só virão de pessoas com experiências e vivências diferentes das nossas, então formar um time/empresa com diversidade não é só moda ou atender alguns desejos de pessoas influentes, é também uma forma de obter resultados superiores e inovar!
Co-autor:
Gilberto Strafacci
Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Especialista em análise de desempenho de empresas pela FGV, engenharia pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Master Black Belt pelo Setec Consulting Group e pela SixSigma.us (Toronto). Certified Six Sigma Black Belt pela American Society for Quality (ASQ). Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador certificado LEGO® SERIOUS PLAY®.