
FMEA 5ª Edição: Harmonização da AIAG com VDA
Em 19 de setembro de 2017 o AIAG (Automotive International Action Group) liberou material referente a um workshop de harmonização entre as suas abordagens e as do VDA (Verband der Automobilindustrie) frente ao FMEA. Com base nesse material é possível destacarmos mudanças importantes frente à edição atual de 2009.
O Automotive International Action Group (AIAG) é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1982 e com sede em Southfield, Michigan. Foi originalmente criado para desenvolver recomendações e um quadro para a melhoria da qualidade na indústria automotiva norte-americana. As áreas de interesse da associação expandiram-se para incluir padrões de qualidade de produtos, código de barras e padrões RFID, gerenciamento de materiais, EDI, recipientes retornáveis e sistemas de embalagem e questões regulatórias e alfandegárias para a cadeia automotiva.
A Verband der Automobilindustrie, VDA, (literalmente União das indústrias automotivas) é uma associação com sede em Frankfurt am Main que congrega várias indústrias alemãs que atuam no ramo automotivo. A VDA é responsável pela organização da feira internacional da indústria automobilística, a Internationale Automobil-Ausstellung e compila uma série de manuais e normas que são a base para os requisitos específicos e sistemáticas de auditoria da cadeia automotiva dos fornecedores que a compõe.
O FMEA (Failure Modes and Effects Analysis) ou Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos), representa uma ferramenta preventiva, aplicada no desenvolvimento de Produtos e de Processos. Ele pode, também, ser aplicado em modificações e ou melhorias que se queira introduzir em projetos e processos antigos ou, ainda, quando existe modificações no ambiente de trabalho. É um método analítico sistemático, para identificar problemas potenciais, suas causas e efeitos, com a execução de trabalho em equipe. É um documento vivo, devendo estar em constante atualização, interagindo com os planejamentos da produção e da qualidade, através dos Planos de Controle.
A primeira metodologia para análise de falhas e equipamentos foi empregada pelo Exército Americano, em 1949. Nos anos 60 a indústria aeroespacial (especialmente a NASA) implementou este controle para análise e minimização de riscos em suas missões espaciais. Em 1994 a SAE (Society of Automotive Engineers) publicou a norma SAE J1739, que define a forma como a FMEA deve ser realizada. A FMEA foi disseminada na indústria automotiva com o surgimento da QS9000, criada pela Ford, GM e Chrysler. Em 2006 a QS9000 foi substituída pela ISO TS 16949, o que tornou a FMEA passível de auditoria. Em 2009, tivemos a última revisão do manual que alinhou a abordagem do FMEA para um modelo mais próximo do FMEA FORD com foco na abordagem funcional, recomendações e limitações do uso indiscriminado do NPR e reforço das características significativas e segurança.
Nesse momento, resumidamente, a AIAG e a VDA estão harmonizando as abordagens do FMEA e a expectativa é uma nova versão a partir Maio de 2018.
Segundo o AIAG, a justificativa desse alinhamento parte da experiência com os resultados da garantia, falhas de campo e oportunidades para melhorar as metodologias de análise de risco de produtos e processos. A partir da pesquisa AIAG Current State of Quality, uma das maiores preocupações da cadeia automotiva é o atendimento aos requisitos específicos do cliente, especificamente o número de CSRs redundantes. Um conjunto comum de requisitos FMEA permitirá que os fornecedores tenham um único processo para construção do FMEA e métodos e ferramentas associados e padronizados para produzir um material mais robusto que satisfaça as necessidades reais de gerenciamento de risco.
Para tanto, esse comitê quer desenvolver um único manual AIAG – VDA FMEA com direitos autorais, que claramente definam uma metodologia melhorada, que estará alinhada com SAE J1739 aproveitando o melhor do VDA e AIAG e que combine os processos para que se atenda aos requisitos para ambos os grupos da indústria.
Novidades:
1) Abordagem em Seis Etapas:
Recomenda-se que o modo de falha e análise de efeitos deve ser realizada em seis etapas para alcançar boa qualidade, confiabilidade, segurança em nossos produtos e processos. Estes seis passos são aplicáveis ao design e ao processo FMEA’s.
2) Forma de Preenchimento do FMEA Report:
Atual – “Fill in the blanks”: O manual atual explica o que é cada coluna, deixando a equipe preencher as células de cada linha na planilha em branco com informações. É mais lento para equipes multifuncionais pois gera repetições sistemáticas de cada etapa.
Novo – “Método de análise por etapas”: O novo manual explica o objetivo de cada etapa passo a passo, permitindo que a equipe tome em consideração itens que podem não ter sido considerados usando o fluxo de preenchimento. Esse formato mais rápido para equipes multifuncionais devido à agenda focada em uma tarefa por vez.
3) Alteração das Tabelas de Pontuação:
Tabelas de Severidade: Critérios alinhados à SAEJ1739 e adição das colunas: Impacto no seu processo, impacto no processo posterior e impacto no consumidor.
Tabelas de Ocorrência: Revisão dos controles preventivos como critérios anteriores à análise da taxa de ocorrência da causa da falha.
Tabelas de Detecção: Os índices de ocorrência agora consideram a capacidade de detecção e o tempo necessário à detecção como critérios de análise da pontuação. Adicionada a categoria “Tipo de Detecção” que descreve os mecanismos típicos de controle.
4) Uso do NPR para Ações Recomendadas:
O manual atual já recomenda que o NPR não deveria ser o primeiro critério para tomada de ações recomendadas, sendo necessária a priorização com base nos índices de severidade, ocorrência e detecção. Dada a dificuldade de garantir a correta interpretação dessa recomendação, o novo manual irá introduzir o conceito de Prioridade da Ação (ou AP na sigla em inglês).
A coluna Prioridade da Ação estabelece um critério com base na combinação da severidade, ocorrência e detecção para priorização das ações recomendadas. No novo manual foi criada uma tabela, baseada em lógica que atribui a classificação Alta, Média e Baixa (H, M e L nas siglas em inglês) cobrindo 1000 combinações possíveis de pontuações dos três índices. Com base nessa classificação, deverá ser orientada a robustez e o prazo das ações.
Em suma, o novo manual do FMEA estrutura de forma mais detalhada a construção da abordagem funcional, garantindo maior aprofundamento e deixando menos margens para consideração de todos os potenciais modos de falha e direcionamento das devidas ações recomendadas.
Co-autor:
Marcelo Mignoli
Especialista em Qualidade e Produtividade e graduado em Tecnologia de Processos de Produção. Consultor na área de Qualidade. Ocupou posições gerenciais e de supervisão na área. Possui conhecimento sólido na implementação e na certificação do Sistema da Qualidade nas normas ISO 9001 e IATF 16949. Auditor Líder ISO 9001, ISO/TS 16949 ministra treinamentos de CEP, Global 8D, MASP, FMEA, PPAP 4ª edição, APQP, MMOG/LE, IMDS, ISO9001, ISO TS 16949, IATF 16949, CQI’s: 9,11,12,15,17 e 23 e Requisitos Específicos Ford, Mitsubishi, Visteon e ZF.
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