Fazer certo da primeira vez: Os desafios das empresas em 2018.
Estando nos últimos dias de 2017, vale fazermos algumas reflexões para 2018. Apesar da condição política (e não graças a ela), os especialistas projetam um período de recuperação cíclica com expectativa de crescimento entre 2,5% e 3% em 2018, mas o risco da eleição nubla o cenário para o médio e longo prazo. Dado esse cenário, será que podemos definir alguns temas que serão recorrentes nas áreas de excelência operacional e inovação das empresas?
Obviamente, não me arriscarei a fazer previsões, somente reflexões e conjecturas. Ter acesso à informação nunca foi tão fácil. Apesar disso, enfrenta-se no dia a dia o desafio de saber o que é relevante em meio a um volume cada vez maior de dados. Entre as diferentes notícias, opiniões e pesquisas que chegam ao conhecimento da população, prever qualquer comportamento, mesmo para um horizonte tão curto, é desafiador. Como o economista Nate Silver descreve no livro ‘O sinal e o ruído’, garantir a qualidade da informação é o primeiro passo. Mesmo assim, não é tarefa fácil.
O ano de 2017 foi importante para apropriação de conhecimento nas empresas: as reestruturações e cortes praticamente se encerraram, os novos recursos começam organizar sua forma de trabalho e algumas novidades, abordagens e metodologias que estavam represadas para alguns poucos especialistas e entusiastas do Vale do Sicílio chegaram aos ouvidos de gestores, diretores e CEOs das empresas. Mesmo que de forma defasada, começamos entrar na tão falada Revolução Digital. Além disso, vimos muitas empresas iniciarem a jornada à cerca da Agilidade, revisitando o Lean e buscando novas formas de se trabalhar. Na indústria, algumas empresas iniciam (ainda de forma modesta) a preparação para Indústria 4.0. Obviamente esse último tema demorará um pouco mais para vingar dada a necessidade de investimento e a ressaca após anos de recessão.
Listo então, alguns temas que acredito serem relevantes para o próximo ano:
Agilidade além de TI: As empresas ainda não entenderam como encaixar os Métodos Ágeis em as outras áreas da companhia, ou seja, o desafio para 2018 deve ser concretizar e pulverizar o discurso sobre agilidade para toda a empresa: Compras Ágil, RH Ágil, P&D Ágil, Produção Ágil etc. Precisamos levar a forma de pensar com mais agilidade para as áreas de melhoria contínua garantindo que todos os processos da companhia sejam repensados. Não basta um TI Ágil, precisamos pensar a estratégia e execução de forma ágil: OKRs, autonomia, busca pela halocracia, etc.
Redefinição do Papel do RH: Diretores que não desdobram a estratégia, gestores que cumprem funções operacionais com uma equipe diminuta e um RH desconectado das necessidades dos colaboradores. Precisamos repensar e rediscutir o que foi proposto por Ram Charam na Harvard Business Review de 2015: Para Charan, os departamentos de RH são ocupados hoje por funcionários generalistas que não contribuem com os objetivos globais das empresas. Segundo ele, as exceções são executivos que já ocuparam cargos em outras áreas. Por isso, sua sugestão é eliminar a posição de executivo de RH e criar duas vertentes. Uma de administração, que cuidaria da gestão de salários e benefícios, subordinada ao executivo financeiro. A outra vertente seria de organização e liderança, que cuidaria de desenvolvimento de habilidades e se reportaria diretamente ao executivo-chefe. Outra vertente é entender que o desenvolvimento da equipe cabe prioritariamente ao gestor direto e ao próprio colaborador. Seja qual for o caminho, em 2018 o RH precisa ser realmente repensado.
Fazer certo da primeira vez: Em 2018 o termo “Fazer certo da primeira vez” será resignificado. Ao contrário do que parece, não significa que não toleraremos a falha, pelo contrário. Não iremos tolerar ou permitir que produtos e serviços sejam lançados sem as validações necessárias, com foco em empatia e experimentação. Iremos, acima de tudo, ouvir a voz do cliente. As empresas deverão testar e errar nas fases de desenvolvimento, evitando riscos, e construindo melhores soluções. Seja uma empresa com estratégia realmente inovadora ou copycat, as áreas de desenvolvimento deverão garantir sinergia com todas as áreas e processos e principalmente com as necessidades do usuário. Lançar produtos e serviços a toque de caixa está com os dias contados pois nossa tolerância ao retrabalho precisa ser nula.
(Não tão) Novas tecnologias: Algumas tecnologias em expansão entrarão com força na realidade das empresas em 2018: IoT (Internet das Coisas), Realidade Virtual e Aumentada, Atendimento Omnichannel e utilização da Inteligência Artificial. Seguindo a Lei de Moore, é inevitável que essas soluções fiquem mais robustas, baratas e passem a integrar a forma de entendimento e contato ao longo da jornada do cliente seja na demonstração de uma solução, hipersegmentação dos clientes ou auto atendimento e atendimento automatizado.
E já que final de ano é período de promessas, ao final de 2018, revisitarei esse artigo e faremos uma reflexão conjunta sobre quais pontos realmente foram relevantes dentre esses levantados. Conto com a colaboração dos leitores caso tenham sugestões de outros temas ou tecnologias que deveriam estar nessa lista e acabei não listando.
Boas festas a todos!