Nos últimos anos, o setor automotivo vem passando por uma das maiores mudanças de sua história. Ela se vê diante da transição do motor a combustão para os elétricos, obrigada pelas mudanças climáticas decorrentes da emissão de gases do efeito estufa (GEE).
Nesse movimento, surgiram os motores híbridos, usando a combustão para marchas mais velozes e a eletricidade para a partida e para marchas mais lentas. Há também aqueles recarregáveis com a energia do freio que alimenta as baterias.
Em relação aos automóveis elétricos, há aqueles tradicionais com um motor apenas, e outros com dois – um central e outro trabalhando como um dínamo. Para modelos mais sofisticados, há um motor para cada eixo, todos trabalhando em sincronia através de sensores e algoritmos.
Nos modelos elétricos, com o desgaste mecânico minimizado, a manutenção tende a ser menor. Entretanto, mais especializada, pois requer novos conhecimentos e ferramentas. Apesar de menos frequente, tende a ser mais onerosa.
Até os pneus têm que ser modificados, tornando-se mais maciços e com banda de rodagem diferenciadas (área de contato com o solo). Muitos têm um reforço que, em caso de furarem, conseguem sustentar o veículo com segurança em velocidades reduzidas por muitos quilômetros, até o motorista encontrar um ponto de manutenção.
Como vimos, não há uma forma única de se projetar e montar um carro elétrico, uma complexidade que a indústria precisa absorver. Os automóveis são críticos por conduzirem seres humanos em velocidade e, por isso, regulamentações de segurança, requisitos governamentais e legais devem ser seguidos e aprovados para que os veículos sejam homologados e, então, ingressem no mercado.
Para o cenário pós-moderno, mais complexo, os requisitos específicos de desenvolvimento de produto e processo não estão preparados. A prototipagem e a testagem reduzida são fundamentais e, novamente, a indústria automotiva é relutante. Ainda não encontrou uma forma de realizar esses processos de forma ágil e com o menor custo possível. Por isso, a Tesla tem se destacado: ela já nasceu com a mentalidade de startup e, apesar das reclamações dos fornecedores – acostumados com os métodos tradicionais – a empresa se tornou em 2020 a maior montadora do mundo em valor de mercado.
É a primeira vez na história que o setor automotivo não está na vanguarda da tecnologia e de métodos e processos de produção. A produção em massa, o Sistema Toyota de Produção, a Qualidade Assegurada, o Lean Thinking e até o Seis Sigma são filosofias que floresceram na fabricação de carros e influenciaram toda a indústria mundial.
Hoje em dia, isso não acontece mais tão frequente. A digitalização e o Pensamento Ágil ainda engatinham na indústria automobilística, que vem cultivando a abordagem sequencial de desenvolvimento de produtos há muito tempo. É claro que a indústria sempre vai procurar inúmeras razões para justificar esse processo centenário, e afastar-se da tradição que a levou ao ápice é um dos maiores desafios que vamos ter de enfrentar.
Além das novidades de planejamento e produção, a forma do consumidor avaliar e usar o automóvel evoluiu. Em meio às mudanças sem precedentes, montadoras e seus fornecedores precisam aumentar sua agilidade no mercado e se tornarem mais receptivas às necessidades dos clientes, especialmente no que se diz respeito aos recursos e serviços digitais proporcionados.
No passado, os fatores determinantes para a decisão de compra de um carro eram a experiência de dirigir, o status, o desempenho, o consumo etc. Atualmente, os consumidores veem os veículos como “smartphones sobre rodas” e, dessa forma, os consumidores esperam um veículo com autonomia, eletrificado, ecológico, conectado, e que ofereça tecnologias embarcadas que facilitem a vida a bordo, como:
- Aplicativos de busca de estacionamentos e combustíveis mais baratos;
- Indicação de restaurantes, bares, lojas, entre outros;
- Conectividade à rede e atualizações online.
Toda essa tecnologia traz a necessidade de proteção de dados, eliminando riscos de invasão e compartilhamentos sem consentimento. Para isso, as montadoras vêm firmando parcerias com startups de tecnologia. A Stellantis, dona de marcas como Fiat, Jeep e Peugeot se uniu à FIEMG Lab, hub de inovação tecnológica da Federação das Indústrias de Minas Gerais.
Já a Ford dividiu-se em Ford Blue, com os veículos à combustão tradicionais, e a Ford Model e, focada em modelos elétricos. Nas palavras de seu CEO, Jim Farley, “a Ford Model e será o centro de inovação e crescimento da Ford, com uma equipe dos melhores talentos de software, elétricos e automotivos do mundo” que visa “criar veículos elétricos e experiências digitais verdadeiramente incríveis para as novas gerações de clientes da Ford.”
As notícias não param. Recentemente, a Caoa Chery fechou sua fábrica em Jacareí – SP até 2025, com ideia de reformá-la para a produção de veículos elétricos e híbridos. Com isso, 485 funcionários serão demitidos.
O compartilhamento de carros é uma nova forma de usar os veículos, com mais comodidade para os motoristas. Pensando nisso, a Stellantis comprou a empresa de compartilhamento de carros Share Now, então uma joint-venture entre BMW e Mercedes-Benz. A nova aquisição será integrada à Free2move, rede própria de aluguel de veículos.
O conceito de carro mais adaptado ao mundo digital pós-moderno é o Audi Urbansphere, um SUV projetado entre a Alemanha e a China com direção autônoma nível 4 e diversos serviços digitais a bordo. O automóvel tem a maior cabine da montadora, que funciona como um “terceiro espaço habitacional”, com conectividade sem fio e serviços digitais como alertas de agenda, streamings variados, reservas de restaurantes, compras digitais e bancos integrados e giratórios, que podem fazer do ambiente uma sala de reuniões.
Há no Urbansphere uma grande tela OLED transparente presa ao teto, que permite aos passageiros de trás um monitor para assistir conteúdos ou participar de videoconferências.
Sem dúvida, é um carro inteligente, que pode buscar passageiros em casa “sem a necessidade de motoristas”, encontra vagas de estacionamento e carrega suas baterias de forma autônoma. A expectativa é que 80% da carga seja reestabelecida em até 25 minutos. Em sua composição, são dois motores elétricos que geram uma potência de mais de 400 cv e autonomia de até 750 km.
O Setec Consulting Group, com mais de 28 anos de experiência no setor automotivo, tem se mantido atualizado, e já estamos trabalhando, ao lado de importantes clientes, nesse ambiente disruptivo.
Temos inúmeras soluções de trilhas a serem seguidas para melhor atender as necessidades e direcionamento dos negócios definidos pela sua empresa, como Maturidade em Indústria 4.0, Digitalização (Process Mining e Automatização de Processos), Novas formas de organização (Squads, Capítulos, Guildas, Tribos), APQP Ágil Visual Management (Kanban e CFD), Design Thinking for Lean Six Sigma, Métricas Ágeis OKR, Gestão de Projetos, Kaizen Digital, Educação e Gamificação na Indústria (Lego Serious Play). Para mais informações, entre em contato conosco: setec@setecnet.com.br | (11) 5051-3933.
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